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terça-feira, 27 de março de 2012


Ao teatro, sempre se lhe decretou a morte, sobretudo com o aparecimento do cinema, da televisão e agora dos meios digitais. A tecnologia invadiu os palcos e achatou a dimensão humana, tentou-se um teatro plástico, próximo à pintura em movimento, que deslocou a palavra. Houve obras sem palavras, ou sem luz ou sem actores, só manequins e bonecos numa instalação com múltiplos jogos de luzes. A tecnologia tentou converter o teatro em fogo de artifício ou em espectáculo de feira.
Hoje assistimos ao regresso do ator frente ao espectador. Hoje presenciamos o regresso da palavra ao palco.O teatro renunciou à comunicação em massa e reconheceu os seus próprios limites que lhe impõe a presença de dois seres frente a frente que comunicam sentimentos, emoções, sonhos e esperanças. A arte cenica está a deixar de contar histórias para debater ideias.O teatro comove, alumia, incomoda, perturba, exalta, revela, provoca, transgride. É uma conversa compartilhada com a sociedade. O teatro é a primeira das artes que se confronta com o nada, as sombras e o silêncio para que surjam a palavra, o movimento, as luzes e a vida.
O teatro é um fato vivo que se consome a si mesmo enquanto se produz, mas renasce sempre das cinzas. É uma comunicação mágica onde cada pessoa dá e recebe algo que a transforma.
O teatro reflete a angústia existencial do homem e desentranha a condição humana. Através do teatro, não falam os seus criadores, mas sim a sociedade do seu tempo.
No teatro os deuses e os homens falavam uns com os outros, mas agora o homem fala a outros homens. Por isso o teatro tem que ser maior e melhor do que a própria vida. O teatro é um ato de fé no valor de uma palavra sensata num mundo demente. É um ato de fé nos seres humanos que são responsáveis pelo seu destino.
Há que viver o teatro para entender o que se está a passar conosco, para transmitir a dor que está no ar, mas também para vislumbrar um raio de esperança no caos e no pesadelo quotidiano.




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